Crise na Argentina é entrave para recuperação econômica brasileira 23 Jul

Crise na Argentina é entrave para recuperação econômica brasileira

O acirramento das crises fiscal e financeira na Argentina diminuem as oportunidades para a retomada das atividades econômicas brasileiras no pós-crise. O vizinho sul-americano é o quarto maior destino das exportações nacionais, e lidera a compra de produtos manufaturados, principalmente do setor automotivo. A já fragilizada situação econômica argentina ficou ainda mais delicada com os impactos da Covid-19 no país. A previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) é que o PIB do país recue 9,9% neste ano. O governo do presidente Alberto Fernández tem até o dia 4 de agosto para negociar uma dívida de US$ 65 bilhões (cerca de R$ 332 bilhões) e evitar um novo calote em credores internacionais. O número, porém, é apenas uma fração dos US$ 323 bilhões que a Argentina deve para investidores estrangeiros e órgãos internacionais.

A queda nas importações brasileiras e o recuo em investimentos no país devem ser os primeiros reflexos da recessão argentina na economia do Brasil, aponta João Ricardo Costa Filho, professor de economia da Escola de Relações Internacionais da FGV de São Paulo. A situação, porém, já era delicada antes do início da crise causada pelo novo coronavírus: no ano passado, as exportações ao país vizinho recuaram 34% na comparação com o ano anterior. “Entre janeiro e março do ano passado, a Argentina investiu US$ 100 milhões no Brasil. No mesmo período desse ano, o investimento foi de US$ 2 milhões”, afirma.

A nova recessão também fez os índices do comércio internacional recuarem. As vendas brasileiras devem ter queda de 13,9% neste ano, impactadas principalmente pela retração de 27,3% de manufaturados — em especial os automóveis —, justamente o setor que os argentinos mais importavam, segundo dados da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “Estamos numa lenta tentativa de recuperação. Se temos um dos principais parceiros indo mal e não comprando os nossos produtos, também dificulta o nosso processo de recuperação”, afirma Costa Filho. Além do quadro econômico, um possível calote do governo argentino pode tornar os investidores internacionais receosos em investir nos mercados emergentes, como o brasileiro.

A falta de um acordo entre o governo argentino e os credores internacionais irá impactar ainda mais as relações comercias brasileiras, segundo o professor de economia internacional da Fundação Dom Cabral, Carlos Braga. “A importação de bens e serviços deve ter queda de 12%, enquanto o consumo interno pode recuar 9%”, afirma, também apontando que a situação já vinha se deteriorando antes da pandemia. “Para piorar, ainda tem a situação política. Aqui temos um governo de centro-direita, com orientação liberal, enquanto lá é centro-esquerda, com viés mais protecionista.”

Além dos prejuízos na balança comercial e nos investimentos no país, Cristian Minguens, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios, afirma que há possibilidade que uma crise humanitária causada pelo colapso econômico argentino também incida no Brasil como ocorreu com a onda de imigração venezuelana. “O Brasil não pode contar com a Argentina nesse momento. O importante seria tentar fazer pequenos negócios para deixar uma base de oportunidades pronta para quando a economia melhorar.”

Fonte: Jovem Pan

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